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Humanos podem ter assassinado Neandertal há mais de 50 mil anos

Homen de Neandertal (arquivo)

Neandertais conviveram com humanos modernos

Uma pesquisa da Universidade de Duke, da cidade de Durham, no Estado americano da Carolina do Norte, indica que um homem de Neandertal pode ter sido morto por humanos modernos em um confronto ocorrido há mais de 50 mil anos.

O estudo poderia indicar que os humanos modernos podem ter colaborado para provocar o desaparecimento dos neandertais.

Os pesquisadores analisaram o esqueleto de um neandertal chamado pelos cientistas de Shanidar 3 - um dos nove neandertais descobertos entre 1953 e 1960 em uma caverna no nordeste do Iraque. Ele foi morto há entre 50 mil e 75 mil anos quando tinha entre 40 e 50 anos de idade.

Neste esqueleto foi identificado um ferimento profundo que atingiu uma das costelas no lado esquerdo. Segundo os pesquisadores, este ferimento poderia ter sido causado por uma lança de um tipo usado pelos humanos modernos, mas não por homens de Neandertal.

"O que temos é um ferimento na costela com uma série de possíveis explicações", afirmou Steven Churchill, professor associado de antropologia evolucionária na Universidade de Duke.

"Não estamos sugerindo que ocorreu um ataque relâmpago, com humanos modernos marchando pela terra e executando homens de Neandertal", acrescentou.

"Acreditamos que a melhor explicação para este ferimento é uma arma que pode ser lançada e, levando em conta os que tinham esta arma e os que não tinham, isto implica em pelo menos em um ato de agressão entre as espécies."

Na pesquisa, Churchill e seus colegas usaram um arco e flecha especialmente calibrados, cópias de antigas pontas de lança feitas de pedra e várias carcaças de animais para chegar a esta conclusão.

O estudo foi divulgado pela publicação científica Journal of Human Evolution.

Sem conclusões

O estudo não conclui de forma definitiva quem foi o responsável pela morte de Shanidar 3 ou qual foi a razão.

Aparentemente o ferimento na costela do Neandertal pode ter começado a cicatrizar antes de sua morte. Uma comparação da ferida com registros médicos da época da Guerra Civil Americana, no século 19 - antes da criação dos antibióticos -, sugeriu que ele morreu semanas depois de ser ferido, talvez devido a danos no pulmão associados ao ferimento.

De acordo com Steven Churchill, vestígios arqueológicos sugerem que há 50 mil anos os humanos modernos e não seus primos, os homens de Neandertal, tinham desenvolvido armas de caça que podiam ser lançadas.

Os humanos daquela época usavam atiradores de lanças, punhos de armas que podiam ser trocados e que se conectavam com dardos e lanças, para, de forma efetiva, aumentar o comprimento do braço que quem os atirava e aumentar a força dos projéteis.

Humanos e homens de Neandertal usavam facas feitas de pedra e desenvolveram técnicas para fabricar pontas de flechas e lanças afiadas a partir de pedras. Enquanto a tecnologia da fabricação de armas avançava entre humanos, os homens de Neandertal continuavam usando lanças longas, queeles preferiam manter em suas mãos em vez de lançarem, de acordo com Churchill.

Porcos

Ao analisar o ferimento na costela de Shanidar 3, os estudiosos chegaram à conclusão de que ele não poderia ter sido feito com uma faca pré-histórica, pois tinha sinais de que a lança teria atingido a costela com pouca energia cinética.

Os pesquisadores dispararam projéteis, cópias de pontas de lança pré-histórica, contra carcaças de porcos usadas para substituir o que seria o corpo do homem de Neandertal.

Ao fazer uma comparação com outros estudos, os pesquisadores chegaram à conclusão de que uma lança do tipo usado pelos homens de Neandertal, teria causado um ferimento maior.

E o ângulo da ferida apresentada por Shanidar 3, 45 graus para baixo, também coincide com a trajetória de uma arma que foi atirada, supondo que Shanidar 3, que tinha cerca de 1,6 m, estivesse em pé no momento em que foi ferido.

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